AP - 28 de abril de 1962
Nascido em 9 de março de 1943, Bobby Fischer tornou-se a maior lenda da história do xadrez
O norte-americano Bobby Fischer, um dos maiores mitos da história do xadrez, morreu justamente no lugar onde havia conseguido o triunfo mais grande de sua carreira: na Islândia - nesse país, ele conquistou o título mundial ao derrotar o russo Boris Spassky em 1972, em jogo conhecido como duelo do século.
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Momentos da carreira de Bobby Fischer
Aos 64 anos, exatamente o número de casinhas do tabuleiro, Bobby Fischer morreu quase no esquecimento, depois de ter dominado o mundo do xadrez - o gênio universalizou o esporte e o tornou uma profissão para as próximas gerações, que puderam viver com dignidade.
O duelo contra Spassky, em Reikiavik, com 24 partidas, foi um combate dramático cujo desenvolvimento mostrou todos os traços que caracterizaram a personalidade genial e complexa de Bobby Fischer.
Suas manias, por exemplo se negava a jogar em uma cadeira simples, deram tanto o que falar como o desenvolvimento de cada partida no duelo em que Fischer colocou um ponto final na hegemonia soviética.
Os inimigos de Fischer asseguravam que debaixo de uma cadeira giratória havia um computador que explicava o porquê de o norte-americano ter tomado a ponta no duelo do século.
Os defensores da tese do computador utilizavam como argumento o fato de que em um momento do jogo Fischer exigiu, com êxito, que desaparecessem as câmeras de televisão da sala porque o "impediam de se concentrar."
Fischer, caracterizado por um jogo agressivo e inovador, chegou à final do mundial contra Spassky com 29 anos, após ter derrotado o ex-campeão Tigran Petrosian.
Spassky, defensor do título, começou o duelo como favorito e ganhou as duas primeiras partidas. Fischer venceu a terceira e a partir deste momento dominou o duelo quase até o final.
Após coroar-se campeão do mundo, Fischer havia alcançado sua meta e, depois, praticamente desapareceu da vida pública durante um largo período. Chegou a dizer que havia se refugiado num monastério budista e que havia decidido dedicar-se à meditação.
Ele se negou a defender o título, que acabou parando nas mãos do russo Anatoly Karpov.
Tudo isso contribuiu para criar a lenda de Fischer no xadrez. É difícil distinguir o que pertence à sua biografia e ao mito que se criou em torno de sua pessoa.
Alguns converteram Fischer como um herói anticomunista e um modelo de patriota norte-americano, pois havia traçado como meta tirar o título mundial das mãos dos enxadristas soviéticos.
Esta imagem, no entanto, foi destruída em 1992, quando Fischer reapareceu publicamente e, quebrando o boicote internacional à antiga Iugoslávia, reeditou seu duelo contra o compatriota Spassky, a quem derrotou em Belgrado no meio de uma aguda crise na região.
Fischer pensou em viver na Iugoslávia, transformada em inimiga emblemática da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. Mais tarde, ele ainda fez uma visita a Cuba. Isso causou uma intensa perseguição com ordem de detenção por parte do FBI. O herói norte-americano se transformou em vilão.
Como xadrezista, no entanto, ele segue sendo um herói. Nenhum duelo posterior ao enfrentamento com Spassky teve uma difusão e paixão tão grande no mundo.
As peculiaridades de Fischer também relacionam o norte-americano com outros jogadores, como o legendário russo Alexander Alejin, e fazem pensar que o jogo-ciência é um dos terrenos em que a genialidade está próxima da loucura.
Fischer nasceu em Chicago, em 1943. Mas a cidade com a qual se identifica é Reikiavik, capital islandesa, onde ganhou o maior enfrentamento de toda a história. Esse jogo, por respeito à fé judaica de Fischer, nunca se disputou no sábado.
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