quarta-feira, 19 de setembro de 2012


História Do Xadrez Moderno
Paul Morphy 1ª Parte
por Pedro Alcântara
Para muitos historiadores, a história do xadrez começa alguns séculos antes de Cristo. Como a tarefa de contar tantos séculos me parece um tanto quanto carente de escritos e muito resumida, me proponho a narrar uma história do Xadrez Moderno, que para mim começa com... PAUL MORPHY !!
Gênio é uma palavra muito bombástica; todavia se já houve jogador de xadrez a quem coubesse esse atributo, foi Paul Morphy. Nasceu em 1837 e sua aptidão precoce para o jogo foi bem cedo descoberta por seu pai, um juiz da Corte Suprema de Luisiana, que estava bem preparado para ensinar ao menino e que foi bastante inteligente para não permitir que o jogo interferisse em seus estudos. Até completar dezoito anos, o jovem Paul freqüentou a escola na Carolina do Sul e só jogava xadrez quando visitava Nova Orleãs durante as férias. Numa dessas visitas, fizeram-no enfrentar o conhecido mestre húngaro Joachim Lowenthal, residente em Londres. O menino de doze anos venceu duas partidas e empatou uma, sem perder nenhuma. É possível que o mestre tenha subestimado muito o menino e jogado aquém de sua capacidade, mas prognosticou francamente que seu jovem adversário chegaria a rivalizar-se com os mais fortes amadores vivos. Jamais poderia ter imaginado que nove anos mais tarde reconheceria Morphy como o maior mestre que já existira.
Quando Morphy tinha pouco mais de vinte anos, em 1857, realizou-se em Nova York um torneio de xadrez que assinalou o início das atividades enxadrísticas organizadas nos Estados Unidos e representou um acontecimento decisivo na carreira do jovem.
O Clube de Xadrez de Nova Iorque escrevera aos clubes de todos os outros Estados, sugerindo que cooperassem na realização do Primeiro Congresso Americano de Xadrez.Propôs que enviassem seus melhores jogadores para participarem de um torneio no qual seria decidido o campeonato de xadrez dos Estados Unidos. A reação foi entusiástica e de todas as regiões do país partiram candidatos ao título. Louis Paulsen, de Dubuque, Iowa, a quem os jornais da parte ocidental do país atribuíam tão espantosas performances de olhos vendados que os jogadores da parte oriental se sentiam inclinados a considerar como ficção, chegou bem antes da data marcada para o torneio. Através da seção de xadrez de um jornal, informou à comissão de Nova Iorque que assistira a duas ou tres partidas, disputadas por um jovem de Luisiana, que considerava dignas de serem incluídas entre as mais belas obras primas da história do xadrez. Todavia, ninguém deu as suas declarações maior crédito do que a seus feitos de olhos vendados, até serem confirmadas pelo Juiz Meek, de Alabama, um homem de reputação nacional, que espantou os nova-iorquinos ao dizer que vira Paul Morphy jogar e não tinha em sua mente a menor dúvida de que, se o jovem de Luisiana entrasse no torneio, conquistaria infalivelmente a palma da vitória.
Foi enviado um telegrama convidando Morphy a participar da competição e, como escreveu o Herald Tribune de Nova Iorque, "o destino benevolente trouxe o jovem herói em segurança até Nova Iorque dois dias antes da reunião do Congresso".
O primeiro adversário do rapaz foi James Thompson, um dos mais fortes jogadores de Nova Iorque, conhecido por seus ataques ousados e por sua pertinácia em fazer o "Gambito de Evans" sempre que tinha oportunidade. Morphy liquidou-o rapidamente.
O Juiz Meek, " um espécime de homem realmente imponente", foi o segundo adversário de Morphy. "Quando tomaram seus lugares um diante do outro", diz a notícia, "pensava-se em Davi e Golias. Não que o juiz fanfarronasse de qualquer modo como o alto filisteu, pois a modéstia adorna todas as suas ações; mas havia diferença em conteúdo cúbico entre os dois antagonistas , quanto entre o filho de Jesse e o touro de Gath, e em ambos os casos o pequeno mostrou-se o maior. O juiz Meek sentou-se com evidente convicção do resultado e, embora assegurasse ao seu jovem adversário que o poria no bolso se continuasse a derrotá-lo sem jamais dar-lhe a menor oportunidade, consolava-se com a reflexão de que Paul Morphy trataria todos os outros tal como tratara a ele".
Morphy correspondeu à expectativa em grande estilo. Foi coroado o "Campeão do Novo Mundo", depois de derrotar Paulsen no encontro final por uma contagem de 4 a 1. Até as finais, Paulsen igualara a contagem de Morphy, vencendo todas as partidas menos uma, que ficara empatada. Paulsen mostrou-se cheio de admiração pelo jogo de Morphy e declarou: "Se Anderssen e Staunton aqui estivessem, não teriam probabilidade alguma com Morphy; e ele derrotaria também Philidor e de la Bourdonnais , se estivessem vivos."
Naturalmente, Morphy estava ansioso por medir sua força com a dos mestres europeus e o Clube de Xadrez de Nova Orleãs declarou-se disposto a apoiá-lo com cinco mil dólares (muito dinheiro naquela época)num match com quem quer que se mostrasse disposto a aceitar o desafio. Sua família, depois de uma objeção inicial contra a interrupção de seus estudos de Direito, que uma viagem à Europa causaria, finalmente consentiu. E no verão de 1858 Morphy partiu para a Inglaterra.
continua...

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